12/19/2008

Decadência Real

"Ela queria despretensão.
Ele supôs que seria possível.
O resultado não poderia ter sido pior."


A honestidade que faltava nas doses
de palavras e de suposições
gorjeavam por sobre os ombros
meus e indiferentes teus

A força que prendia meus olhos
de dentro dos meus aos teus
A tempestade de meu sono
a impassibilidade

Os assombros de vertigem por ti
e por tudo que a rondava, a marca
O que era você agora
O que em você amava

Você é a mão que me conduz por uma estrada
que dista levemente e sempre do normal
Cada palavra é um passo para fora de meu habitual
Cada segundo que te acompanho é imortal
nada mais sei, senão que te amo.

12/17/2008

Teremos

"Me demandas a arte que lhe fere
e terás pois que senão não me presto
e testo, para que?
Para ti, tudo que tiver de ser."

Ressalvo as nítidas fronteiras
de mim, de ti, de nós que somos dois
e tremo firmemente pois que sinto,
pois que sinto o tempo sem passar

De mim guarda mais que memórias
e não te lembras como lembra das horas
tens de mim mais que saudade
sentes fisicamente que me falta

É grande que sejamos quem somos
e os papéis que nos deram,
e que geram tão ofuscantes sensações
Falas que nos propõem.

Retamente nos atinge em cheio, em vazio
o susto e a prisão das falas
Surgimos para muito e tanto
Como tanto não somos mais?

Seguiremos o cântigo do contraste
dos conselhos pessoais (que nos afligem)
ou seremos e simplesmente seremos
eu o barco, tu o cais?

12/10/2008

Estrofe dos 11 versos

"A rima é uma tolice.
Poesia não foi feita para ser ouvida.
Para tal são canções."


Em barganha com Deus nasci para ser personagem
da história que muito Ele assistia, aqui.
Ganharia eu duas certezas:
a morte, fim do infinito
o amor, duradouro até o fim da vida.
Tolo eu de aceitar, incerto que estou
de que morrerei, até que morra
de que amarei, até que ame.
Personalizo, pois se quebro a promessa
certo assim estarei de que não morro mais
e de que meu coração apenas emoções médias o arrebarão.

11/19/2008

Trovadoria Secular

" - Ana, ele me redescobre. Sempre!
- Não você...apenas alguém."


A faca inglória da benzedeira razão
corta a iniciativa bruta
que nasce do peito bretão
e da criança de experiência curta

A mão que adula e conduz o berço
educa e generaliza o respeito
e te obriga, te en-si-na
e te tolhe, te poda

E para você, dizem eles,
os imprincipíos governantes,
o que lhe cabe manufaturar
e modelar e a partir do que.

pois que (cuidado) isso acaba:

De súbito lhe foge a razão,
de tanta corrente e nó,
se hombrifica e levanta-te,
contra e firme a levada governista.

Se torna, crescentemente:
a vítima que estapeia o atacador
o monstro que se nega a grunhir
a mão que resgata o que se afoga

Se torna, eternamente:
o amigo que suporta e alimenta
o pai/mãe que enaltesce seus filhos
o filho que engradece seus pais
a eterna juventude que ri da vida
a beleza firme de um dia triste
(mas um e apenas um por mês)
a certeza de que tudo não passa fácil
mas a maior certeza de que tudo passa
e a felicidade de ser você mesmo
e de conhecer quem conhece
e de viver onde vive
o gigante que abraça e beija quem ama
que se expressa sem a menor aflição
e chora de alegria e tristeza com os seus

Se tornará tão grandes atos e forte
Tão desgarrado de mínimos
e tão estrela do norte
que não as rês negras da morte
nem os abutres da sorte
lhe laçarão demaziadas mordidas e cortes

Serás maior que e melhor também.

11/10/2008

Último passo

"Assim como o primeiro passo indica o fim,
o último passo indica um novo começo."

A firmeza que desbastou de mim
me desgastou pela sala, inteiro
me purificou do que não queria
tudo voltou ao começo de tudo

Você, cadê? Aquela pessoa
que nas vistas minhas era.
Você, que fizemos?
Que culpa temos?

Quando te vejo me traz sal à fronte
e no que te desejo, minha carne sangra
e no que te quero, a mim não quero mais
me perco completo e total

As grandes culpas de nos perdermos
são minhas, tuas e de ninguém mais
Mas nos perdemos tão forte e tanto
que talvez não nos encontremos jamais.

10/31/2008

Primeiro passo

"São treze segundos fortes
que arrebatam a magnífica auréola
que te cabe, anjo, que veio a mim
em meio à selva de sombras"

As certezas que te dou já são fortes
Seguras com firmeza a minha mão
e queres mais que segurá-las, as adula
e acaricia minha pele e meu coração

Teu clarão supera qualquer desajuste
tua voz canta as árias dos superiores anjos
teu olhar interfere em minha alma e a aumenta
teu abraço me faz ser maior, o maior do mundo

Ter você é a sensação extrema de intensidade
é ser eternamente luz e clarão dentro de seu abraço
é ser mais que som e visão quando nos une um laço
é ser muito mais que mero humano vagando na escuridão
é ser um ser melhor, mais verdadeiro e mais puro
Me torno por você mais feliz e esperto sem querer
Maior e menos denso, quase sem saber ou ver
Mais calmo e menos tenso, sem fazer o menor esforço

A felicidade que geras não se sabe explicar
só a aproveito muito e sempre e tanto
para que se um dia por invasão da maldade
esta vier a acabar eu lembre bastante
que um dia me tocou a felicidade universal
e que fui alguém melhor por e para você.

10/12/2008

Desimpedimenta rotular

"O conforto mora na filosofia."


Movem-se juntas todas as cáspias
morenas de jambo do Gabão
na dança da noite interna
cremando as frivolidades cristãs

Tentam os revoltos iglus e seus donos
trespassar e transferir a tanto branco
a negra veia e de viés despachar
toda mansidão putrida à imensidão de gelo

Se unem os marujos a braçadas
intentando inverter o curso das correntes
conferindo às remadas o pronto pranto
e as longas lágrimas amargas

Prolongam a noite os metropolitanos jovens
distorcendo o curso diário posto normal
se levantando passadas várias horas
e dormindo gastos de dança ao pôr-da-lua

Sorriem os presidiários a ponto de revoltar
mas tendo motivo, se tornam ideiais
E se riem mais por serem o expoente total
da quebra clara das regras normais

E sorriem juntos todos que revertem a ordem
e fazem da vida uma inconclusão
não seguindo placas ou ditos
ditando sua própria inclusão ou exclusão

E na independência de guia, serão mais:
as de Gabão, os de iglus, os marujos
os jovens, os presidiarios e os contraditórios.
Se portarão como genuínas formas de si mesmos.

10/06/2008

Carta à Martina Avan-Grael

"Martina é,
sempre foi e
sempre será,
a grande parede da minha vida."
(Martina Avan-Grael, p.123)

Martina,

se esta carta lês, ou já me fui ou já estou morto.


Há muito quis lhe contar e muitas vezes quase o fiz, que teus dois segredos me foram revelados por Guidal. E ruí em não poder lhe consolar, sendo eu a resposta para a pergunta que pairava por suas idéias desde a festa de setembro.

Gabriel não está morto. Ele veio até mim após o escândalo de sua mãe e me pediu as chaves da casa de Pitágoras. Eu as dei e lá está ele.

Martina...Gabriel não é seu filho. Seu filho sou eu.


Tobias Duarte

10/02/2008

Desafio do contragrado vital

" - Para que eu deveria deixar tudo que trouxe no carro? Nesta bolsa estão coisas que me protegerão do calor do deserto.
- E você vem para um deserto para não sentir calor, para não se sentir perdido? Para que se importar de sair de casa? Ou larga sua bolsa no carro e vive o que lhe ofereço ou fica no carro esperando as fotos que lhe trarei."



Sobem ao topo do monte Graal
as laicas soberbas virgens
temperadas com a obviedade do suplício
mas estranhamente sorrindo, felizes

Soerguem das plataformas geófagas
as hastes florais, sempre crescentes
verticais sempre e muito,
carentes das flechas de luz solar

Reabrem devagar meus seis karmas
que sempre guerreo intentando fechar
e inundam meus concernes com idéias passadas
com festas há muito terminadas
festas que ainda lembro o que tocava
e repito a dança, na solidez que me confiro
representando o ato sólido do sonho morto
sendo o sonho mais real que existe

Desmudam os monges do voto silencial
e pregam em revolta as tuas repetições
que se expõem muito absurdas
e revoltam as pessoas acordadas

Correm todos, cegos, pela corrida do mundo
e transitam vezes rápidos, vezes devagar
vagam sempre sem rumo, por mais que tentem rumar
se perdem e choram, uns se riem da perdição
e são os que riem que ouço e quero
os que estão e sabem que são perdidos
e não querem se achar, nem nada encontrar
mas vagar cegos, caindo, perdendo,
correndo, sorrindo, de mãos dadas
separando do interno coração o medo,
da razão, que enlouquece a alma, o corpo

Não entendo nem reconheço norte
nas virgens de Graal nem nos monges mudos
não os vejo, não sei quem são
nem as flores que brotam do chão
Mas não entender é o maior truque
que uma mente sã escolhe para si

ou escolhe descobrir respostas e perder:
a sanidade
a sensibilidade
a crença
a inocência
a felicidade
a possibilidade.

9/27/2008

Memórias ao vento

"uma memória
sem uma parte física
é um sonho"

Dois dias de medo afligem
estes e os que estão por vir
na altitude da vertigem
rasas adagas vindo a me ferir

Seca minha boca debaixo
da chuva de palavras amargas
que me cospe e me suja
tão infelizmente

Trafego num mundo irreal
enevoado das coisas que não quero ver
e desfocado daquelas outras
que não admito serem minhas

Será um dia que tudo que virei será claro
e nada apagado, abalroado de nuvem estará?
E se para tal tenho que ver tudo perfeito,
mudará meu mundo ou mudarão meus olhos?

Desistirei eu total das estrelas que brilham
ou as trarei a mim tantas
que as constelações serão lâmpadas
e cometas abrirão força no meu teto?

Não enxergas o tanto que muda
e enverga meu caminho por hora?
Não vês que se até eu cambaleio
você será tombo contínuo na minha estrada?

E quando olho em minhas malas
e de nada mais gosto
as coisas jogo fora, todas
as liberto de mim e mim de delas
as solto e não mais minhas são
e os pedaços do meu passado que elas são
com elas vão
e menos eu eu sou
e menos histórias minhas tenho
e menos do que lembrar tenho
e mais perto de estar novo estou
de começar de novo
de ser eu de novo
sem o borrão da segunda tentativa
sem as falhas do desenho
serei o desenho no papel branco

as coisas da mala eu solto
e você e sua foto nela estão
nela estavam
voam pra longe da minha mala
voa você da minha mala
da minha alma
as coisas da alma eu solto.

9/16/2008

A mentira que não me contam

"a condição única que une todo ser humano
é, não a certeza da morte, mas a da solidão."



Tentaram fragmentar minha janela
e destroçar a paisagem dela
com as mãos arcadas em forma vazia
deixei

Forçaram-me a inspirar fumaça
enebriado rejeitei, tentei
com os olhos vagos em forma de bússola
deixei

Tentei olhar fora da minha janela
e enxergar qualquer coisa certa
com os olhos vagos apontando o norte
não enxerguei

Forcei-me a lançar um cigarro
aos tragos me enebriei
com as mãos arcadas em forma de prece
não me achei

Sozinho num quarto vazio
cheio de passado e outras histórias
me tornei a parte que lembra e revive
as tristezas e as quebras que tive

A condição única que tento romper
se fortalece a cada ano e me ganha
e as tremendas forças que tinha
se esvaem a cada história que conto
e se incorporam a mim, todas
me tornando o livro de minha vida,
a cada página que escrevo,
chegando mais perto da página final,
sozinho.

8/26/2008

Cartilha da tentativa

"cada vez que o mundo entrega
um presente ou um agrado,
agradado inteiro não será,
mas um dia talvez seja."

Me acorda com teus galhos roçando
a pele que dura te impedia
e com o orvalho chorando
me molha e me desanima

As provas que te peço me as dá
e nem mesmo com tal me firmo
se as provações que indico
não sei se me servem mesmo

Se não sei quem sou
como posso certo
esperar meu outro hemisfério
de encaixe como foi Tristão?

De espera me banho e me calo
e passo o tempo que me aparece
até quando souber certo o que procurar
em você ou em outras

E sabendo terei mira
e com olhos de água limpa
enxergarei meu alvo
e atirar será prático

Será quando de tentar serei privado
e também você será
e tudo naturalmente fluirá
Seremos com as cordas invisíveis amarrados.

Nesta data começa uma nova era
da qual só me separo de ti
não por nossas causas e decisões
mas pelas do mundo, tal a morte seria.

8/11/2008

Educação venosa

Metade de mim é amor
metade de mim faz tragédia
inoculo essa dor
numa artéria média

e na grande inoculo o estar,
que eu colho de olhos fechados,
que é integro enorme e profundo
e me completa de todos os lados

e deixo para assuntos você e mais
as pequenas veias que me regam
pois se uma falha me machuco
mas não morro, só me educo.

8/10/2008

Morena Linda


Se minha brisa despenca
venho logo te cantar
e vem de ti, sobe um vento
e um calor devagar

Sinto falta do teu sopro
qualquer barulho eu escuto
tenho certeza de novo
hoje eu só quero você

Se minha calma se enerva
dela eu sei me livrar
tomo um café e me agito
brinco de mesa e de bar

Mas teu beijo é o que eu quero
já sinto meu peito aberto
te vejo vindo, te quero
hoje eu só quero você.

7/29/2008

O que é.

Saudade vem da menor intensidade do momento atual comparado com a lembrança distorcida de algum momento passado.

A menor intensidade vem de um confronto entre imaginário e real, sendo que o poder da figuratividade é superior às condições de vida.

O momento atual é a realidade, o momento passado é uma realidade distorcida e com grandes espaços em branco.

Nos grandes espaços em branco, são colocadas cenas falsas ou prolongamentos de cenas verdadeiras.

Preenchidos, os espaços em branco formam uma realidade inexistente, transformando o passado em fantasia.

O desejo pela fantasia é a admissão da imperfeição da realidade conjunta com a ânsia pela anulação dos problemas e falhas.

Saudade é a ilusão de que já se viveu momentos de perfeição em par com a vontade de revivê-los.

A aproximação da perfeição não provém da saudade, mas da vontade.

Vontade é o querer, baseado em vivências passadas ou contemplação de exemplos externos.

A fragilidade da certeza da vontade, apesar de gigante, é mais eficaz que a saudade.

Testar é a chave da felicidade.

7/24/2008

Visualização Criativa

Se pelo que tu fez meu destino se criasse
e se fosse você o movimento da ação
andaria subindo os andares estelares
com as palmas da branca rosácea nas mãos

Restaria nada mais que graves endócios
gravados na multidão de sulcos
que exibem minhas mãos e meus pés
do árduo labor sentimental que me ronda

Fixam em mim os olores conjuntos
do ar, mar e continente internos a mim
e espalham para outros abrangendo meu envolto
e misturando-se aos dos outros olores

E se sentes que meus lados vibram
e meu contorno reverbera o que tu sentes
nos juntamos simplesmente em nossa dimensão
visualmente por nossa vontade criada
e seguimos duplos eternamente atualmente.

7/22/2008

Comigo

"Aos novos homens
grandes conselhos se darão,
antes que sejam impuros
e felizes demais."

Não sinto mais aquela mistura
de normalidade e insensação
desde quando percebi
em você felicidade visão

Proibidos fizeram nossos passos
e nos amarraram socialmente
e nem preso e subjugado
me esqueci do que em ti vi

Escandalizaram nossa alegria
nossa amizade verdadeira e pura
acharam exagero demais
pintaram de nós o quadro censurado

Mas se paro e penso não nos vejo
destruindo o mármore da vida
nem nos queimando aos poucos
quiçá nos destruindo internos

Sei que não ligo mais, me desligo
do que falam os errados que me julgam
e feliz contigo sigo e sigo forte,
contigo ao meu lado sorrindo da morte,
pois mais vivos que somos ao juntos caminhar
não há nenhum ser e se há, conosco virá!

7/12/2008

Destino pessoal

Em minhas memórias não está presente
tua imagem escarlática triste
mas meus olhos, ah
estes te lembram bem

Falácias me induzem a te discordar
mas arraigado em meu sangue
e preso nas paredes de meu interno
estás e ficarás por não sei quanto

Seja continuamente por tanto
mas não nos inflige eternidade
e logo sem aviso nem meus olhos
nem tristeza alguma
de ti me fará recordar

Nos graves da canção jazz que ouço
resido e de lá não saio mais
e se de tristeza me banho diariamente
que seja de tristeza minha veste
que seja escura a minha áurea cor
pois melhor fico se decido ser quem sou
a ser outro que não eu para o mundo
para agrado dos outros e desagrado próprio

7/08/2008

Pedras e nuvens

Assisto tuas básicas restrições
feliz de cada canto que sou
e se sempre me inspirar aflição,
agitado, mas certo, saberei onde estou

Pergunto verticalmente se suas pedras
hão de virar chuva ou chão
e se resolveres aguar meus olhos
se será alguma vez em vão

Me trespassam seres que nunca dantes vi
mas calorosamente sei quem são
São os tijolos de pedra de minha estrada
e de pedra até quando será que serão?

Dos que vejo, os que lembro são nuvens
Informais nutrientes de um céu que não toco
mas são mais influentes e presentes
dos seres que converso e toco

As nuvens lembranças tocam a trilha sonora
da vida que construo de forma híbrida
mas as falas dos personagens são mais música
que toca em meu ouvido e não dos outros
e secretamente me estronda.

Mëin Terris Livahgt, Meu novo linguajar

Irak mëe s'ai beverege.
D'ai nougat bravaria mëe
i just'tua s'ai consteler
k'ni ignite severäe finai.

Serei eterno e tú não.
De tua força me liberto
e disperso tuas bolas de fogo
que no fim não são mais
que frias estrelas.

6/13/2008

Ária de Tristão

"if our two loves be one,
or you and I love so alike
that none can slacken,
none can die."



Me pergunto a mais intensamente:
que tinhamos nós antes de nosso amor?
Monstros ocos seriamos até então,
mergulhados em vãos juvenis prazeres?

Quando assim, qualquer prazer será falso.
Se vi por mim passar alguma beleza,
o que tanto almejava e tinha [vinda de ti],
era a mais pura fantasia por certeza.

Nossas almas no dia hoje se deleitam.
Nossos olhos queimam inteiros no cruzar.
Fogo de amor que aparece a quem circunda
e põe qualquer estado como pleno mar.

Deixe aos marinheiros o encontrar de novos mundos
e aos que não, deixe mapas, que novos mundos se mostrarão.
A nós interessará um mundo só,
onde somos nada mais que um.

Brilham meus olhos e vê qualquer quem quer
que brilho eu todo da cabeça aos pés.
Onde acharão pessoas dois melhores hemisférios,
tão bem firmados, sem falhas, sem restos?

Tudo que cai seu par não encontrou.
Se nosso amor enfim se torna um,
e/ou se for completo e anormal,
nem eu nem tu cairemos, serei eu e serás tu,
assim como nosso tanto amor,
constantemente imortal.

5/23/2008

Escapatória do agito

As formações que me encaravam
se reviravam sob uma luz neon
revertidas num solar magnético
sub-entretido estático som

Me restavam nobres destrezas
e relutava eu à cobreação do último
Sentia cada firmamento preso
inútil sob a unicolor supernova

Meus casos de criação demitiam
a realidade que me acalmava
Surgia a precisa curva sensacional
em detrimento à sempre onda racional

O trânsito do que era permitia
e a leva de vividez sacolejava
na dança da surrealidade
o que tinha dentro do que queria

Meus nobres ensejos se riam
e da novidade fiz festa toda
na revolta do que me atingia
sendo eu adverso sub-moda

Quero continuar grande
supervalorizando a cena querida
transformando subitamente
a existência em vida

5/20/2008

Tocha

Não valerão mais pesares
que os passeios longos nos jardins
Abertas conversas universais
se passarão por mim

Abertos olhos silvestres
presos nas imagens cristais
Feito de plenos amigos tristes
onde ficarão por mais

Escolares tons em profusão
Confundirão tenuemente
Qualquer ouvinte normal
Ainda que dono de alta mente

Do olor desprendido se fará
uma áurea, uma névoa
Tão pouco enebriante que
não consciente se notará

No fim serão abraços tantos
que sentirá que ao lado passa
a áurea amorosa que emana
e saberá que carregas
acesa a tocha dentro

Balada da Imersão

Saúda tu a norte vertente
De assobios crônicos e perdigueiros
Dos pés dançantes ao baládico som
Presente tu no preferido cativeiro

Joga tua razão séria em teus olhos
e fecha-os para o som que vem
Tu serás os pés e braços se movendo
na formatura e cor que te convém

Uma vez temido para com tua desseveridade
seguirão-te os palhaços e meretrizes
Sugados por tua colorida forma de verdade
Adorando teu vário calor preferido

Sendo tu a Baca versão do mundo
não virão em tu cores cinzas ou despassares
Cobrirás tuas ventas com confetes de luz
e de cada cor nascerá uma parte

E se unires as partes que de ti nascem
a cada som que seu corpo reverbera
se tornarás a forma física da felicidade
de um tamanho que ninguém espera

4/23/2008

Possessão

Jaz na terra o inanimado pronto
e na cabalar água se varre o atol
inenarrável priori de se ventar
o sol, justo e posto céu solar

Guardadas respirações de um meio
nascido em ferro cortado e vagão
detrido da mais vária caloria
pedaços na boca do que era perdão

Sérias tulipas do maldizer
sépias de cor e vibração
a inanição predizida do ser
contornada pela sensação

Meias tolerâncias e ditas
estações de certeza cálida
Calados monstros sagrados
Fortes, sanguinários de agito

Virados em meia volta
superfascinados e estáticos
sem palavras tornando irreal
É a criação do maior mortal

4/16/2008

Taça

O inimigo se foi
restou o ar cobreado
as nuvens, delas lembrava
voava a luz do sol dourado

Eram agora eu, o céu e o vento
a vez de saber esperar
ou não querer mais nada
nomear o trato feito

Ao largo o que enxergo é o campo
vazio de rês e de mato
em cada canto um pedaço de meu tempo
e os cantos de todos meus atos

A áurea que me envolve é como a de um herói
que convoca uma ação e esta em si reage
não como um soco que invade os olhos
mas como a onda que se sente na boca de um beijo

O inimigo é em meu futuro nunca mais
qualquer de minhas ações trazem a mim riso pleno
Toca e tocará pra sempre em mim o infinito tempo
e a taça vitoriosa da guerra que venci

3/23/2008

A mente, a mão, o não.

Pedir licença não lhe garante a passagem
Pedir desculpas não lhe garante o perdão
Vestir maquiagem não lhe restaura a imagem
Se apaixonar não lhe salva o coração.

3/13/2008

Voz da menina Veloso

Se cada dia me fosse aberto
pelas andorinhas serenando
contigo ao meu lado acordando
firmando olhos de terra em mim

Seria minha voz um sinal
contínuo de minha emoção
que me invade feito luz de estrelas
sendo todas a nossa união

Desejaria a sobriedade do chão
A envoltura da clara névoa do amor
Quereria ser uma monção setembrina
que trombaria em ti num furacão

Eu bruta flor colorente falo
represento em palavras meu desejo
Inicio infinito discurso pessoal
do que de ti preciso

Não me venha com promessas
se meu coração tem pressa
de escutar uma razão
Minha agonia eu expresso
minha dor eu mesma esqueço
minha morte eu mesma peço
É meu ar, meu mar, minha ilusão

Se de tudo a flecha negra não nos ferir
A garganta alto soará amor
Independente nos levaremos
Assim unidos perceberemos o mundo

3/07/2008

Iluminar

A refeição das puras estrelas eu como
Absorver a lua eterna pelas mãos
e no chão de água que se refletem os astros
piso, piso eu, nos cometas desregrados
e me invade o imenso clarão do universo
dos pés até meu coração

2/23/2008

Motivos

"Rezei sem motivos
para ninguém ouvir
me afligi de medo
quem poderá me sentir?"

Calado e posto inteligente
perecia banhado em solidão
Numa certeza absoluta
Não há martírio em vão

Lutador guerreiro foi feito
nas guerras torturas se obtém
Afastado em paz e sozinho
se infesta na mais nefasta prisão

Berrador não sabe cantar
apenas de gritos se faz
valei de espadas e socos de escudos
sobrevoante não sabe dançar

Na paz dos campos
clama a tempestade
a rês calma e exata
clama à peste inferir

Traz a suplica por altas
e estrondantes sensações
Não sabe nem quer ser calmo
Quer ser o tremor das multidões

Permanecerá sempre flutuante
nunca ao chão, versão inaflita
Libertando e mostrando repetidamente
o furacão que dentro de si habita

1/30/2008

Reerguido


São longas as datas
que me abstive do sol
mesmo queimado tanto
arrisco-me a refazer tal

São longas as datas
que fiquei sem andar
mesmo com pernas quebradas
refaço meu caminhar

Foram diversos séculos
sem nenhum enxergar
corro ao sol de olhos abertos
não penso mais em parar

Não fossem tantas quedas
firmadas em frequência
meus pés seriam nada
faria pouco da sobrevivência

Agora pois não haverá nenhum forte
capaz de me provar
que passarram as quedas que tive
Redesenhei todas as minhas linhas
encontrei meu mais profundo corte
chorando aprendi a chorar
Nem que a simplicidade curandeira me cative
serão agora infinitas minhas chagas
será infinito meu caminho
Buscando sempre o mais intenso e incômodo norte

1/24/2008

Grande afirmação

"Seremos livres, dizia Marx,
se não pertencermos à eles.
Se pertenço a mim mesmo
e a você e você a mim
e por fim você a você,
tão e tanto e somente,
seremos livres também."




Vamos fazer do sonho um lugar
vasto e inteiramente real
Incrivelmente brilhande por abstrato
Simples, envolventemente normal

Abertos livros, completo e final
Unicamente tolo e pertencente
Toda a alegria do momento
Corajosamente não proveniente

Um corpo jogado ao ar
livre da imagem tênue
explosivamente linda
uma crase espiritual

E seguindo o instinto fatal
seremos animais conjuntos
nas mais reveladoras formas
abrangentemente desprotegidos
livres da advocacia social
os condenáveis menos errados
os admirados por despretensos
os seres idealizados
na mais viva utopia
Utopia será nosso nome
se nomes quisermos ter.


1/11/2008

As árvores

Dançam as árvores, sob o som dos meus pensamentos
Provando que cada memória vale pelas farsas
Agitadas pelo vento que me ouve
Indo e vindo aos meus olhos, para mim

Cada folha é uma lembrança e vejo árvores
uma floresta imensa para meus olhos fechados
Ouço claramente cada uma delas dizendo
"foi válido e dançarei ao teu vento"

Cada palavra que exerço se confunde com o que vivi
e se digo por pouco tempo que fui valente
nas lembranças viro um leão sensato
e transformo finidades em infinito intermitente

Sob a sombra de minhas árvores memorais
me delicio da falta de sol que faz
Calmamente com as mãos apanho folhas mortas
Não todas já que não me toca o infinito tempo
Mas as que alcanço e com palavras simples
mortas já não são mais
e verdes transformadas voltam vivas
a dançar sob o vento de minha vida

1/01/2008

Para conjuntos

Para teu amor, fluorescencia madrigal
e que nos ventos se ponham vozes
Serenos casos e flutuantes risadas
A vez certa para se agradar

Sujo de tintas, vozes e palavras
envolto no manto de abraços
Sorrindo, enquanto lágrimas nos olhos
Abraçando, beijando, abraçando

Violentamente intenso
lentamente se tornando sábio
Entendendo cada coisa totalmente
Humanizando seu caráter animal

No alto de seu ar sentimental
descobriu-se amando pra sempre
Ele que tão curto e impontual
de amores curtos e breves
terminados e termitentes
Viu-se totalmente apaixonado

E nem por pessoa ou por animal
e nem por uma só e nem por mortal
Ama um conjunto que não se acaba
Ama sua família, um conjunto imortal