3/30/2009

Excesso

"Dê-me o excesso e eu o bebo
me mostre tudo a mais
que no excesso me afogo
e no que além vejo, nada vejo mais."


A megera falível descrevia
umidamente e cativa a mesma,
mesma história, frígida e cálida
Mera fria rejuvenescida ômega-minha

Sensualizava a criatividade e a fazia
espalhar e faiscar nos retumbantes olhos
d'outros e de memória minha, comparativos
a gigantesca especulação onírica

Creta não melhor faria sangrar e exibir
a pseudo-surrealidade que me levava
e no sereiano canto eu dormia e sorria
atravessando campos que poucos viam

O véu ilusório era tocável, sólido e real
incontestavelmente paradoxal e ali
me abraçando, me esquentando, me em mim
e no espelho a reflexão me mostrava

Nada mudara além do etéreo clarão
que me aureava e circundava
no meio eu mesmo como sempre
como nunca mudava meu em volta

Maarah, o tenro anjo de Alah me veio:
"Te pertence e tudo é teu.
O que ainda não, lhe dou de bom grado.
A gratitude não lhe é cobrada,
a obra é de graça, não queremos nada.
Tudo te pertence e é teu.
Será nossa apenas a confluência
das emotivas ondas que lhe emergem
de anti-inércia, anti-material
secretamente potentes demais.
O que nos pertence é tua vitória,
é teu encontro real."

De mim correram mentalmente as palavras:
"Maarah, não me prometas.
Não me tentes, não me cometa,
se em tanto início me canso já
e pretendo não por intento continuar.
Sou melhor menos tenso,
um tanto menor.
Com tanto que tinha já me contento,
no que me mergulhas sobro e transbordo.
Pena que tenho, de ti e da tua religião,
se de mim esperam a supremacia reta
e lhes entrego como resposta
o contentamento torto
com o que tinha, com o pouco."

Brilho fortemente ainda
e por tempo que virá
mas melhor serei, e hei,
se menos iluminar e no escuro puder deitar,
calmo, dormindo, apagado e finito.

3/24/2009

Distorção da distância imposta

"Eles ainda falam que sabem,
mas dessa vez eu já sei.
Mais sei eu sobre no que interfiro
e no que quero intervir."



Esquenta inquieta tua pele, semblante,
à deriva das frígidas, negativas e prestas
correcionistas pessoas, lívidas.
Tua pele torrada as renega.

Se agita cada filigrana interna tua,
se reverte às potências convergíveis,
se estrangula, se contorce
quando se contesta à sociedade a tua biologia

Seria a minha liberdade, a tua vontade,
interna e natural, nascida e imutável?
Nossa crença na atualização
é infortuna se somos os nossos cromossomos?

As nossas mãos que se unem escorregam
pela advertida sociedade que entre estão
na forma de manteiga, dissipando nossa união
na provatória de que a distância é mortal

Eu a renego e renega tu o aviso
de que eu me firo e quebro a razão
mas não ouço e me desligo se te quero
e roboticamente me mantenho gravado
e repetindo incessante:
o que sei é que te quero
não me importa aonde e quando.