3/22/2007

A quebra do diabolismo na beira


"Os olhos são dois
não foi de bobeira
no dia que um falha
o outro incendeia"

Foi no dia primeiro
do ano de amor
que o sol nasceu-me inteiro
que o vento cheirou-me cor

Mais leve e com mais sorte
amanheci brilhante e forte
com criança nos olhos
e dor guardada no bolso

A chuva que caiu um tempo atrás
foi meu choro e nada mais
foi minha dor intensa e inteira
minha vida frente ao abismo, na beira

Mas escutei alguém rindo nas minhas costas
com dois chifres e um tritão.
Andei pra longe da beira do abismo
Firmei o meu peito e gritei então:


"diabo louco por ti não me atento
desgraça minha joguei no vento

mantra canto pra te afastar
e mantra meu é gargalhar

de choro forte te sustentas
vejamos se berro forte aguentas

A TUA CADÊNCIA HÁ DE COMEÇAR
CORRA DIABO PRA NÃO MAIS VOLTAR
AFASTA-TE DE MINH'ÁUREA JÁ!"

e toda a potência que minha voz fez vibrar
vem da certeza de que encontrei alguém.
Alguém capaz de me amparar.

Novela


No dia que todas as verdades
[foram descascadas
A impassibilidade febril
[viu-se esfarrapar
Meu corpo e o teu enfim juntos
[unidos em par

É quando passo meus dedos
[em sua pele e tento te desvendar
Eu não sei o que está escrito
[em braile, sob os meus dedos
E debaixo de tanta pele
[o que escrito sobre mim estará.