12/21/2006

Machine - Os inocentes Chave

(made of iron and eletricity)




Abri meus ohos elétricos pela manhã
tudo em volta brilhava
me senti bem-vindo ao futuro de metal

Poesias, drogas e pontes
cafés, banheiros e jardins, incineraram tudo
No meu mundo de metal apagaram tudo
Nada restou...nem mesmo as memórias

Somos um programa
Coração de borracha, sangue de diesel
Nossa função é servir

Somos o futuro do mundo
Aprendizado automático
Obediência múltipla
Multiprocessadores de nada

Somos robôs e vivemos eternos
mas ouvi um dos Anjos sussurrar:
"Não há vida sem fuga"


Será que estou mesmo vivendo?

12/18/2006

El Dios Sol


(La Bruja del deserto)

Corajosa como olhos de lince
que ferem e marcam quem os vê
Ameaçadora como uma lâmina afiada
Sólida e constante como um bloco de concreto
Radioativa como o Sol
Como uma leoa, como uma pantera.

Com todo feitiço babando dos olhos
Com uma boca linda brilhando vermelha
Os seios à mostra, dançando um flamenco
e todo o fervor temperando o momento
Me diga, me diga, me diga você
Se a coisa mais linda não acabas de ver?

Muita violência, poeira de sangue
cem beijos roubados e dois de amantes
Dois meses de cama, uma dor mortal
Tens enfim a bruxa do olhar fatal.

12/15/2006

The Ice King



Por todo meu coração gelado
e por todo sentimento que resolvi não ter
Hoje venho aqui.
Venho chorar...

Tudo e tudo me toca profundamente
mas minha casca rasgada e grossa
dura feito diamante
retém tudo

São as famosas correntes
as cuspidas questões
os tapas que não vêm
as lágrimas que correm secas
os labirintos retos
o por do sol no escuro
o perfume que nao se sente

é tudo uma grande insensibilidade
é tudo um gelo imenso
imenso e branco
branco e interminavel

é tudo preso e cristalizado.

O rei do gelo que meu coração se tornou
a festa estática, a bruma congelada,
a lágrima congelada.

Sonhei com amanhã
que eu acordava em chamas
e tudo que me prendia
e tudo que me marcava
e tudo que me cancelava
derretia
virava água.

Sonhei com o dia que eu viraria água...

12/14/2006

Start Today Tomorrow

Cansado estou. Mais uma vez.
Isto algum dia acaba?
Parece uma guerra,
matar e não morrer.

Nesse deserto morri duas vezes
Renasci da primeira depois de muito custo
A morte de agora, custará mais.
Estou cansado

Tudo que vi, tudo que vivi
e simplesmente não consigo nada?
Foi tudo mesmo em vão?
Estou tão triste...

Chorar custa, sofrer custa
Lembra aquela estática morna,
tão desejada?

Pois bem. Nela estou.

12/08/2006

Surpresa lacrimal

O padrão coração de pedra flutuou
Meu Deus, aonde foi?
Assusto-me de repente com a falta de certeza

A pureza toda me invadiu
A força de um peito aberto me sacolejou forte
Deus, Deus, que me aconteceu?

Um brilho eterno e branco se pôs em frente a mim
a abertura eterna também
Estava como um cão sem coleira,
liberto, liberto

E correndo tanto eu respirei
minhas vias empoeiradas espirraram
todo o mal saiu num sopro torpe

Eis que senti
Era meu caminhar numa corda bamba
Meu caminho estava tão mortal
que o pavor tomou conta de mim

Um ódio lissérgico me apoderou
Eu sabia quem era o feitor! Eu lembrava!
Toda a magia e força usada
Toda a concentração
Nada serviu pra nada

Estou estupefado
Pela segunda vez minha força não funciona
Sou novamente o santo do baixo altar

O pavor agora sim tem seu lugar monstruoso
E o medo tomou minhas mãos
Meus ouvidos estão sensíveis

Meus olhos vão chorar.

Meu Deus, estou apaixonado por alguém que não me vê.
=(

12/03/2006

Quem espera sempre alcança


Ouve-se alguém berrar: corra!
Mas, então, o dia parou pra pensar.
Que correr que nada! A vida se fez e pronta está
Meus pés andarão vagar,
e irão montar o instante no calmar

Ouviu-se: anda, anda!
Pois ora!
Andarei minha mão em sua cara!
Insisto claro como um trovão:
Hei de calmar!

No intuito latente, na persistência magistral
na confiança bruta, na visão protegida
na mostruosidade solta, na permuta investida
A casa da visão moderna se subiu
e em concreto hoje está.

Nem vento nem sopro
nem grito nem choro
talvez choro, mas mão murro
talvez nada mais além de choro

Nada, nem quem muito tente
derrubará esta casa que hoje cresceu.
Instaurado está em meu peito e coração
Hei de calmar, passear
Não vou correr.

12/01/2006

A cor de um Livro


No navegar não se basta o cheiro
ferventes animos, almas expansíveis,
os respirares se formam e inundam as bocas
tudo que por mais voante estava
hoje se despencou em minha mão

A impressão do máximo, limitada e íntima
no dia que precede o amanhã se abriu
como uma flor que nos primórdios primaverais
se abre e abraça o céu
abre os próprios braços inconsciente e trôpega

Aconteceu como o espreguiçar
do monstro imenso que acordou
Cuspidas as palavras forma
antes mesmo do acordar completo

Agitou-se antes de tudo
antes, antes, como seria se não irrompesse?
Tal qual uma imagem parada, uma fotografia?
Que idéia se convence sem se mover?

Pois eis que dito é que a idéia ganhou um movimento a mais em sua dança
Para os insensíveis, adicionada foi a lágrima
O invisível para os menos nobres agora se pôs à mostra

Tudo que desejo clamar é a anunciação
e tal de importância palavruda e monstra,
demorou-se e enrolou-se por longas linhas

Por fim, resumo: Abriram-se os olhos do Livro Azul.