11/30/2006

O disco da bela canção

Foste um começo pardo
e como em toda canção
se mostrou crescendo e sentimento
se pôs de todo à frente da bala

Sua alma inteira eu vi brilhar
no seu olho flamejante, no teu esperar entornando
Eu vi você em mim, coloquei você em mim
Encrustei você em minh'alma inteira

Foste uma bela canção
foste uma bala em meu coração
que sangrou semanas inteiras
que ensurdeceu meu todo
que me deixou congelado
frio e consternado
absorto e impassível
teu tiro me deitou
e quando levantei, foste alvo de minha fúria

O disco da bela canção arranhei com as unhas
Nunca mais ela tocou...
mas lembro vagamente...era uma bela canção.

11/29/2006

Descontrole

Jogaram-se as moedas ao ar
que será, meu Deus?
Sorte? Azar?

Me desfiz de rédea e trono,
me joguei no esperar
me julguei impassível
me perdoei por crimes loucos
me julguei por violências alheias
achei meu caminho perverso
me reinventei

Amanheço sem pulseira nem mãos,
acordei sem pulso, com todo o coração
batendo firme e estúpido
desejando as moedas nas mãos
a imensa ilusão
o fim eterno sem certo continuar
o mau caminho que tanto brilha nos meus olhos

O mau estapeei de fronte limpa e conservada
de pensamento inórbito e feito de pó de ouro
da imensa verdade que nasce de um descaso póstumo
da felicidade que inalcansável se torna paixão

Hoje joguei meu ouro à porcos tolos
me independi e sorri sem medo
e na valsa do descaminha, na volta,
me retumbo de clareza e força
me encaixo na paz mundial
na paz infernal e temporal
no mundo perfeito de momentos óbvios e soltos

Não há nesse segundo uma sequer morte em minha mão
Não controlo nada, nem mesmo meu coração
Hoje a vida é de qualquer um, menos minha.

Interior

(de mapa e de alma)


A brusa da fia, de manhã rasgô
O trabaio do Zé, no calô piorô
A saúde do homi dessa veiz lascô
Ai que vida doida e difícil.

Tem treis dia que o galo num canta
E se ele num canta, diz que a vida num anda
E se ela num anda, meió pra mim
que continuo nova e longe dos fim

A vida aqui é sufrida
O sol quêma tudo e lasca a gente,
o frio enruga até dente de pente...
Má os chêro das frô na primavera dexa tudo meió

E o Zé fica alegre c'as pranta brotano
E os fio fica alegre c'as frô cresceno
E eu fico alegre com essa vida que num anda
ê essa vida...

Aurora viajante

Hoje uma estrela em meu céu ascendeu
E nada mais justo que dela falar
Tudo dos lados se escuresceu
Não via mais nada, só ela a brilhar

Numa cachoeira um vento soprou
Estrela cadente que me encantou
Espera, espera, não declares sua ida
Expande meu coração à largo e sem medidas
Encatas meu corpo, só mais um pouco

Não é fácil admitir que este brilho é diferente
É um brilho ocupante e intermitente
E não há quem me faça discordar
Que a cadência dessa estrela veio a calhar
Em todo o céu nublado, algo brilhou
Uma aurora nova me atordoou
Me encontro tonto, bêbado de luz
E é desse jeito que me sinto feliz.

A força que aplico em ti

Amigo, este sou eu quem chegou
Carregarei em meus ombros suas lágrimas
Acariciarei suas asas num abraço
Serei teu apoio no fraquejar
Será minha a tua dor
Seremos juntos um ser melhor
Unirei minhas forças às tuas
Juntos, seremos melhor

Amigo, esta é minha a mão que se estende a ti
Sou eu que mudo a máscara triste que me cabe
para uma alegre que te agrada mais
São meus os dedos que acariciarão tua mente

Amigo, este sou eu entregando minha alma
para salvar a tua
Porque, amigo, juntos somos melhores.
Juntos somos melhor.

As escarpas são altas

Nos campos verde e azul marinho,
uma bruma prateada se levanta
e meus cabelos, jogados no vento, cantam.
Eu, de joelhos, clamo.

Dos amores que perdi, faço conta.
E não sai da minha cabeça que isso é uma afronta.
Meus punhos cerrados arrancam o chão,
a luz da Lua não é mais que um clarão.
O lago em meus olhos dança e se colore de estrelas.
O amanhã não parece chegar.
O amanhã não quer chegar.

E de tão alto que estava, de meu último amor, desisti.

As asas que ruflaram levavam minha alma aos céus.
Subi sem nenhum coração.
Este se despedaçou no chão.

O Jornal

Do jornal que acordei lendo,
uma notícia brilhou calma..
Era o início de uma nova jornada
que se anunciava.

As palavras pra descrever,
ali faltaram.
Os desfechos, os mistérios, todos se realizaram.
Os finais se apresentavam.

Havia em toda a notícia uma única imagem:
Um homem fechava a última de dez portas,
fechava com uma chave de pedra.
Havia em sua frente uma porta de ouro,
à qual ele caminharia.

Era o fim de uma Era.
Era o fim do fim.
Era o começo de outra vida.
Era o novo de novo.

11/22/2006

Dios e iluminatti

Das três vezes que visitei o inferno
a última já passou
Dos demônios de olhos amarelos
não sinto mais nada
nem cheiro nem ameaça
só lembrança fria e distante.

Desejei três vezes a morte ao invés da luta
Caí sem lutar por severas três vezes
Tive medo.
Três vezes.

Ouvi cantar um áureo som
e dele fiz um mantra.
Ouvi-o despedaçado, fragmentado
Hoje o completei.

Por vezes desejei morrer à luta
Amanhã terei espadas
Amanhãs serão mais claros
Ilusões se desmancharam, tal qual o antigo castelo de areia.
Findei minha inocência burra e minha fantasia negra.

Às vesperas de uma entrega fúnebre,
me recobrei e o encanto se desfez.
Na fila do despedaço, virei e corri embora.
Mantra cantei, mantra cantei.

Hoje e amanhã eu me surpreendo.
Deus, como foi acontecer comigo?
Como fui tolo, Deus! Como fui...

Hoje e amanhã eu amadureci.

Fica pra trás esse encanto escuro e mórbido.

11/16/2006

Burreza de gente sem senso

É você que nada em mares sujos
Eu criei de você um nojo!
Que nojo imenso que me enche de salivas.

És tu um escarro em minha boca.
De todo amor que lhe dei,
cada perdão que ensaiei,
cada lágrima que escorreu

Hoje me parece um erro imenso e fatal
Os pedaços do meu coração, estes estavam pelo chão,
e agora nada que fizeres reverterá
o que em mim se instaurou.

Por você, o amor que sentia, virou tristeza
Trsites dias pedri, pensando em você.
Vá-te, escarro de minh'alma
que aqui teu espaço findou.

Os tanques de 1989

No máximo do desencanto,
no fervor do corpo,
no choro forte, mas branco,
na loucura imensa de um povo.

Num grito uníssono e forte,
na febre negra da repressão,
na dor que escala a morte,
no descontentamento mortal.

Nasceu o virgem de medo.
Aquele que se superou.
Parou tanqes com olhos e flores.
Se fez voz de um povo.

Nas asas crescentes da impunidade, o herói se consagrou. Se fez de coragem e entrega. Todo um povo calou.

Táboa de Tiro-ao-Alvo

Andei pensando, sob suspiros desfolegados
que minhas idéias rondavam,
mas não miravam.

Faço dardo de minhas palavras,
no presente momento, então.
Tens e terás quem pode.
Sonhas e sonharás com quem não deves.
Choras e chorará por quem não terás
[por completo.
Amas e amarás alguém que não existe
[nem nunca existirá.
Rogas a imagem alheia,
mas desejas um bem maior.
Queres a tua imagem ao alto.
Queres ser o melhor.
Cadê aquela passagem?
O desejo de todos é ser motorista...

Chave

A quebra do compasso, sem ponta na agulha
Caíram as pétalas da rosa-dos-ventos

Num passe de lágrimas voará meu ser
assim que o Navio no porto chegar.
O porto do vale de mágicas
aonde minh'alma não mais viverá

Todo sentimento suicidará
Amor, casamento, insônia, tormento
Raiva, saudade, alegria, amizade

A morte que me espera
me aliviará
É uma chave para o céu...
para pacificar
esse ser de tormentos
que eu me tornei.

Sabedoria em pó

Não Haverá Caminho Melhor Que o Tortuoso


Que aconteceu?

O urubu perdeu a hora
Desta carcaça nada mais sai

Quem chora?

Choram os lírios e as moças de Byron
Negro é o fim para todos aqueles que acreditaram
[na eternidade do começo e meio...

Que aconteceu?

A beleza se esfumaçou, a verdade se escondeu
a novidade se apagou, e agora José, quem sou eu?

Choro eu, choro demais. Amor, meu grande amor, que aconteceu?

No meu coração cabe você inteiro
só que, veja que triste, você não o preencheu.

Pois que seja. Amo-te odiosamente. Vá e não voltes mais.

E messa longa estrada de procuras,
minha alegria se desmantelou, virou pó.
Perdi uma estrela querida,
não achei minha pessoa amada.

11/15/2006

A morte do esforço atrativo

Volta pra mim, volte enfim
Porque o que é bom não mais me ilumina
As novas e perturbadas vitórias são nada mais que ilusão
Parecem mais que me derrotam, sem troféu nem cura maior.

Hoje meus erros clarearam.
E toda a vingança me arrebatou...
estou errado, eu fiz errado, tudo que foi bom me matou.

Ser inconsequente é até engraçado,
mas o resultado é estupidamente triste.
Hoje acordei infeliz, mas amanhã estarei melhor.

Porque minha memória decidiu vir a meu favor...
e tudo de errado passará.
Eu juro que não vou lembrar...

Nuvens e prantos não vão me cortar
A pele dourada não me encantará
O errado lindo não me chamará
Toda beleza imensa não me afetará

O amor que crio, descriado está
Aconteça o que acontecer, ninguém me amará...
No coração dos outros não farei morada
No peito dos inocentes não quebrarei a entrada
A vida dos quietos e mudos, não irei agitar...
Não tremerão por mim, nem tampouco vão lembrar
Declaro o fim de todos os amores de minha vida
Declaro o fim de todos os amores passados
Não irei afetar mais ninguém
Não irei, eu juro

Calado e quieto eu prometo ficar
E o máximo que permito é me apaixonar
Ninguém por mim cairá, não soltarei nenhum encanto

Perda, fogo, tudo deixo passar
Novo, novo, o branco há de flutuar
Flutuando eu vou me firmar..

eu juro, eu juro, juro que ninguém vai me amar.

One step closer to the end

Já nao há mais porque nem porém, tudo se queimou
as plantas que plantei mais cedo,
cresceram e me mataram

me machucam demais todo dia, todo dia...
meu erro foi crer q na vida tudo vale a pena,
todo risco é bom, todo desafio trás vantagens

mas oh, q hoje descubro,
q nessa vida tudo é cinza e apertado
q tudo é plano e a derrota é certa
q a alegria passa e a tristeza permanece
q a luta que era pra se alegrar, virou luta pra nao perecer

lutar contra a morte, mas estou morrendo agora!
lutar contra a morte, mas todo dia morro mais!
lutar contra ninguem e contra mim...

tristeza tristeza, tristeza q nao tem fim

pra que serve essa memoria boa, se dela soh me vem desgraça?
pra que servem bons momentos, se a falta deles causa dor?
pra que serviram todos os dias bons,
se hoje choro pela volta deles?
quero ser um nada, com vida vazia...
quero o silencio e a monotonia
perder o sufoco da falta e da loucura
amanhecer claro e branco, sem nada, sem nada...

quero ser um ser vazio, sem início e sem fim...quero passar, passarinho em mim...

11/01/2006

Eterno suspiro adquirido

No mundo de magos que vivo
encantos voam em bolhas ao ar
E tão de repente se estouram
quem meu corpo não há de aguentar

Dos passos que dou, sejam fortes!
E a pausa que faço, é pra pensar.
A minha memória é sem sorte
Mas grande hei de controlar.

A luz que sobe e some,
me mostra o triste real.
E tudo treme e pula e nada parece firmar.

Pois oh!, que tremam.
E sulcos enormes se mostrem.
Que a terra se torne um inferno,
Que tudo cheire a vertigem!

Porque eu, eu NÃO hei de soltar
A mão minha que ainda seguras.
A luz branca na luz escura.
Teu branco e imenso luar!

E não soltando eu que escolho.
E se soltar eu não morro.
E se eu soltar não me importa.

Porque ao fim foste apenas uma estrela que vi
e ainda me restam muitas ao anoitecer.

Da incandescência da raiva

Que te disponhas, para correr e para a vida,
De um elmo de ferro, com seu peso e resistência,
mas repleto de pedras e brilhantes lindos.

Que sejas forte, de maneira incrível.
E do suspiro levantes a cabeça, balbucies um resmungo
e passes...

Não é tendência a perfeição e a alegria, pós-malevolidade.
Quem é mau tem seu retorno e este, vem do inesperado.

Quem é mau, porém, não se reprime.
Da reação faz um começo.
É da vingança que se combustiliza e anda.

E os que odeia, que pena, haverão de sofrer.

Disposição.
A essência vital é feita de rearranjamento de situações.

Teu elmo de ferro pesa, mas tua maestralidade o carrega.
A raiva incadescente vinda daquele que destrói tua calma, há de queimar..

E tú, de ferro, fogo, força e poder, há de superar.

Incerto correto

Nada me empolgará,
nada me regredirá.
Nada há de ser meu fim,
busco nada,
nada pra mim.

Hei de estar no bem eterno
Flutuando pela vida
Nenhum ódio nascerá
Nem paixão me furtará.

Eu serei o sempreterno
Eu serei o começar
Eu serei o ponto zero
E minha calma circulará.

Eu prometo, eu prometo.
Eu prometo que não vou chorar.

Sagradices

Meu coração está aos pulos
Como tudo isso foi acontecer?
Túmulos sagrados perderam o segredo.
Os detalhes imperceptíveis,
agora são horrorosos.

Meu pulso se descontrolou,
aqui não é lugar pra isso!
É tudo tão absurdo, é tudo tão absurdo...
A língua quieta se inquietou,
A força que tinha se esfarrapou.

Quieto e calado, que teu erro cresceu.
Ficou tão mortal que se imperdoou,.
Um fim. Um começo. E tudo passou...

Mas ainda pulsa forte meu peito,
toda vez que ressurge o segredo.