O amor vem para mim como o mar
Seu desaguar deslinear
Ávido por chegar a lugar algum
Me chamando pra nadar
Sem sombra, abre seu abraço no escuro
Me tem todo, braços, pernas e silêncio
E se dele saio, do mar, saio com rastros
Molho meu caminho, de amor e de mar
Amar me mergulha na falta de sopro
Me tem todo quando todo entro
E seu som sempre será fácil de lembrar
A onda que quebra, o amor a me quebrar
Amar e o mar no invísivel consomem
De maresia ou de febre memorial
E nos acertam, e nos envolvem
Nos levantam em seu navegar e nos afogam
Ainda que antes de tudo feche os olhos
Tenso e na esperança de o apagar
e me assente na areia de costas pro mar
Virá, em som e cheiro, cedo ou tarde
A memória do mar
A memória de amar.
