11/25/2009

Olhos abertos

Eu tenho sérias manias comportamentais que me distam do plano modelo que a sociedade propõe através de filmes como Forrest Gump ou séries como Friends. Eu não sou nada disso e sempre que tentei parecer com tal forma moldada, me senti como se não me reconhecesse.
Foi então que decidi entender quem eu era num contexto mais amplo. Eu sou aquele que ri mais quando está feliz do que quando ouve ou vê algo engraçado. Eu sou aquele que é sensível às mudanças à minha volta. Alguns acham que eu sofro de transtorno bipolar de comportamento. Eu só acho que eu reajo instantaneamente às coisas. Eu sou aquele que dança sozinho em casa exatamente do mesmo jeito que dança no meio de uma boate cheia de pessoas. Eu sou aquele que bebe sem medo de passar mal no outro dia e consegue rir quando isso acontece. Eu sou aquele que morre de medo das doenças que o cigarro pode trazer, mas se acha vivo quando pode tomar café de olhos fechados de sono e com um cigarro aceso na mão esquerda. Eu sou aquele que sabe mentir muito bem, mas que há alguns anos já não o faz por achar as complicações de se dizer a verdade muito mais proveitosas do que as complicações de se dizer a mentira. Eu sou aquele que se apaixona pelas coisas com uma facilidade incrível, pelo simples fato de conseguir enxergar e imaginar um futuro mágico. Por este mesmo motivo eu sou aquele que amou poucas coisas e pessoas na vida, pois o futuro mágico quase nunca se concretiza. Quase. Eu sou aquele que não se priva de viver, seja por barreiras de orgulho, preconceito, medo ou covardia. Eu sou mesmo corajoso, principalmente em situações psicológicas e me orgulho disso. Eu sou aquele que passou por várias coisas inimagináveis, tanto boas quanto ruins, mas que das boas fez lembranças inesquecíveis e das ruins, lições inesquecíveis.
E depois de tanto me analisar, percebi que não sou mesmo parecido com o modelo social perfeito e esperado por todos. Eu passei dos limites várias vezes e continuarei a passar, porque eu não me sinto feliz obedecendo e me encaixando e me adaptando. Eu não sei me adaptar, eu não vou e nem tentarei. Eu sou uma coisa muito inicial e muito personalizada pra tentar me juntar a grupos generalistas. Uma das poucas coisas que me apaixonei e amei depois de conhecer muito bem foi, sem narcisismo, a mim mesmo. E por fim, admito que ainda não encontrei uma pessoa que ame tanto que minha vida se pareça com um ciclo completo, mas não vai ser me modificando que eu vou achá-la. Nem a procurando. Só vou achá-la se continuar me conhecendo, me reconhecendo e sem me adaptar jamais.