2/23/2009

Profusão

"A armadora juventude se pregou
e impregnou as brumas que se elevavam
e contagiou qualquer perséfone aliante
e qualquer mente, por ali passante."


Uma única ou várias cordas se saltavam
e frigidamente se indelicavam as cores
se tornando torrentes de fluxo e paixão
concordando o deslumbre e a prisão

O devanescer tenramente se desviou
e de duas malignações vigentes e presentes,
horas positivas horas não
se tornou a sensitiva profusão de forças

Desregrante da liberdade divina
tão persuativa, tão perseguida
me encontrei na negativa
na que eu encontrei prisão colorida

Era eu feliz por partes
e partes várias e constantes
inegávelmente eu era a arte
e não mais pincel e as canvas brancas

E de tudo renegado e aconselhado
nada tive de importante a concluir
a não ser que profuí das correntezas
que gigantes se encontraram sem trombo

Se era raiva ou maldição
ou impotência ou percurso
Era eu na multidão
encontrado no mundo

2/16/2009

Gratidão do decegar

"Quando os olhos se abrem
e o fim da escuridão acontece
a alegria das cores que te rodam
e do fim da falta que elas faziam,
é inexplicável o tanto que te engrandece."


Ser cego na multidão
não ver o caminho concreto
cair e se deitar na escuridão
não saber o que está cheio, vazio

A perdição e a ignorância na vida
se dadivam cada vez mais
mas ignorar a alegria que te impressiona
é negá-la com toda burrice que existe

Alcançar sempre se posta num ato heróico
mas tentar e tentar e tentar inconcluso
é se cegar no intento da desgeneralização
da conclusão de que acertar é raro

Mas quando por fim se acerta
não alcançando o topo almejado
mas apreciando a vista do meio do caminho
é acordar, abrir os olhos e enxergar

Ser feliz e não saber é a veia pecaminosa
das entranhas sociais humano-terápicas
Absorver e expressar a felicidade obtida
é ser o máximo de vida e reconhecimento

Ser feliz e saber é o máximo do amor humano
Tanto que meu peito quase não aguenta
e meus olhos se enchem de levitação
É ser grato por um fato gigantesco obtido
e pedir perdão por ele por tanto tempo ter ignorado
Obrigado, do fundo do meu coração.
Obrigado.

2/09/2009

Seguidores do descaso

"O que eu também já nem sei mais,
esse descaso todo,
é ser mais feliz e mais fugaz
que o universo todo."


Maria, Maria, das cordas brancas
que vais a fazer na primavera
se teu mal é a rosa vermelha
e teu bem nesta estação não floriu?

Que te encantas, vilã desnecessária?
Que te tomas, te faz global e séria?
Quem é você, Maria Gardênia?
Que sente você e com que força?

A ignorância, como disse tua mãe
na vasta superioridade senil
é a canção sem palavras
é a ópera matricial da vida

E porque seria a mais perfeita canção
aquela que se priva de palavras?
Pois que senão seria a música, a alegria
e a interpretação impossível, a ignorância

Façamos eu, tu, ele,
nós, eles, elas,
da nossa vida e do cotidiano
uma longa ópera então.