1/30/2008

Reerguido


São longas as datas
que me abstive do sol
mesmo queimado tanto
arrisco-me a refazer tal

São longas as datas
que fiquei sem andar
mesmo com pernas quebradas
refaço meu caminhar

Foram diversos séculos
sem nenhum enxergar
corro ao sol de olhos abertos
não penso mais em parar

Não fossem tantas quedas
firmadas em frequência
meus pés seriam nada
faria pouco da sobrevivência

Agora pois não haverá nenhum forte
capaz de me provar
que passarram as quedas que tive
Redesenhei todas as minhas linhas
encontrei meu mais profundo corte
chorando aprendi a chorar
Nem que a simplicidade curandeira me cative
serão agora infinitas minhas chagas
será infinito meu caminho
Buscando sempre o mais intenso e incômodo norte

1/24/2008

Grande afirmação

"Seremos livres, dizia Marx,
se não pertencermos à eles.
Se pertenço a mim mesmo
e a você e você a mim
e por fim você a você,
tão e tanto e somente,
seremos livres também."




Vamos fazer do sonho um lugar
vasto e inteiramente real
Incrivelmente brilhande por abstrato
Simples, envolventemente normal

Abertos livros, completo e final
Unicamente tolo e pertencente
Toda a alegria do momento
Corajosamente não proveniente

Um corpo jogado ao ar
livre da imagem tênue
explosivamente linda
uma crase espiritual

E seguindo o instinto fatal
seremos animais conjuntos
nas mais reveladoras formas
abrangentemente desprotegidos
livres da advocacia social
os condenáveis menos errados
os admirados por despretensos
os seres idealizados
na mais viva utopia
Utopia será nosso nome
se nomes quisermos ter.


1/11/2008

As árvores

Dançam as árvores, sob o som dos meus pensamentos
Provando que cada memória vale pelas farsas
Agitadas pelo vento que me ouve
Indo e vindo aos meus olhos, para mim

Cada folha é uma lembrança e vejo árvores
uma floresta imensa para meus olhos fechados
Ouço claramente cada uma delas dizendo
"foi válido e dançarei ao teu vento"

Cada palavra que exerço se confunde com o que vivi
e se digo por pouco tempo que fui valente
nas lembranças viro um leão sensato
e transformo finidades em infinito intermitente

Sob a sombra de minhas árvores memorais
me delicio da falta de sol que faz
Calmamente com as mãos apanho folhas mortas
Não todas já que não me toca o infinito tempo
Mas as que alcanço e com palavras simples
mortas já não são mais
e verdes transformadas voltam vivas
a dançar sob o vento de minha vida

1/01/2008

Para conjuntos

Para teu amor, fluorescencia madrigal
e que nos ventos se ponham vozes
Serenos casos e flutuantes risadas
A vez certa para se agradar

Sujo de tintas, vozes e palavras
envolto no manto de abraços
Sorrindo, enquanto lágrimas nos olhos
Abraçando, beijando, abraçando

Violentamente intenso
lentamente se tornando sábio
Entendendo cada coisa totalmente
Humanizando seu caráter animal

No alto de seu ar sentimental
descobriu-se amando pra sempre
Ele que tão curto e impontual
de amores curtos e breves
terminados e termitentes
Viu-se totalmente apaixonado

E nem por pessoa ou por animal
e nem por uma só e nem por mortal
Ama um conjunto que não se acaba
Ama sua família, um conjunto imortal