9/15/2011

Desenvolver

Um dia, quando estava me sentindo muito triste e desanimado com uma variedade de coisas, sem querer me perguntaram se estava tudo bem. Foi por pura educação e a intenção nunca foi iniciar uma das idéias que mais me fez amadurecer até hoje. 

Desde que nascemos, somos guiados a uma idéia de que devemos sorrir o tempo todo, gargalhar se possível. Até seus 5 anos, tudo que seus pais vão querer de você é sua gargalhada e sua cara de sono. Crescendo sob essa ordem, vamos nos empenhando cada vez mais a sorrir sempre, a querer sorrir sempre. 

Daria certo se não se iniciasse, ao mesmo passo e com a mesma intensidade, uma vontade louca de realizar todos os nossos desejos. Todos. Imediatamente.

É quando descobrimos que não existe um interesse comum, não existe nenhum tópico no seu círculo social, no seu país e nem no universo que seja um interesse comum a todos e, se as vontades são tão variadas e tão dispares, como poderemos ser felizes e compartilhar nossas alegrias se cada um tem a sua?

Inicia-se o caos. A luta. Logo vêm as primeiras tristezas, as brigas e as inesperadamente poderosas e devastadoras simples decepções. A decepção tem um poder tão grande que eu, pessoalmente, tenho um certo receio em pronunciar a palavra.

É claro que eu não estava bem. Eu estava decepcionado. O pior é que daquela vez eu estava decepcionado com uma pessoa, com uma idéia, com um plano que já ocupava um espaço enorme na minha vida. Tudo havia ocorrido há alguns meses e parecia estar bem no fim. Foi aí que uma parte da vida se tornou clara.

Por fazer tanto tempo, a decepção já não fazia sentido, o plano já não existia há muito tempo e a tristeza crescia absurdamente, mas não para aumentar o seu poder. Era como a última brasa da fogueira, que de tão perto do fim se incandesce com força antes de se apagar. Tudo novamente estava perto de acabar.

Mais uma vez, após longos dias de desanimo, preguiça, tristeza, infelicidade, falta de vontade e qualquer outra negatividade, eu iria superar tudo novamente. Pela vigésima ou qualquer dessas vezes. Iria passar.

Eu estava abandonando tudo aquilo, estava me desligando, tudo aquilo que me abraçava antes, que me envolvia por todos os lados e tão profundamente. Seguir em frente não é uma tarefa, é um fato. Você vai seguir em frente após qualquer momento negativo de sua vida, você vai esquecer e superar tudo.

De repente, eu vi que eu precisava apenas de um tempo para esfriar as emoçoes que me envolviam no momento para conseguir enxergar tudo claramente. 

Agora que consegui, vejo que não valia a pena, não daria certo, não funcionaria, não iria longe, independente da atitude que eu tomasse. Não acredito em destino, mas o que duas pessoas vão ser não muda de jeito nenhum. Se elas vão ser amigas, amantes, inimigas, eternos amores perdidos ou desconhecidos, está estabelecido desde o primeiro momento em que se conhecem, porque esta relação nasce de como a personalidade das duas se encaixa. 

No fim, me enxerguei novamente livre, pronto para um novo início, solto, quase nu, sem me envolver com nada. Me desenvolvi.


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